quinta-feira, 9 de junho de 2011

PORQUE MURCHARAM AS FLORES



Você foi,
para os meus olhos apaixonados,
tontos de amor,
embriagados de felicidade,
sonhadores de promessas,
as flores de todos os jardins.
Foi, inclusive, os próprios jardins.


Infelizmente,
hoje, quando vago sem rumo,
sem destino certo,
pelas ruas e avenidas
das cidades onde moramos
ou visitamos,
relembro
cada gesto,
cada palavra,
detalhes, marcas do passado.

Num filme de lágrimas
que me invadem os olhos,
vou desenhando seu rosto tão amado,
vou cheirando seu corpo suado,
seu perfume inconfundível, natural.


Sorrindo
e cantando
e dançando
as melodias da ilusão,
vou fingindo que sou feliz,
mas, na verdade,
por dentro estou morrendo.
Minha alma chora
lágrimas de silêncio,
que nem aos ventos eu confesso.
Assim, dou ao mundo meu sorriso,
mesmo sendo falso.
E a você,
que tanto amei,
deixo, em testamento,
o mais sincero dos sentimentos.


Nas ruas e avenidas,
que sempre terminam em um jardim,
lá não encontro mais as flores,
porque as flores murcharam.
Porque você era a síntese das flores,
e você sumiu tão de repentemente!


Você foi
toda a poesia dos oceanos,
as tempestades indomáveis,
os arremessos seculares
das ondas contra os rochedos,
o branco da espuma
acariciando a areia da praia.


Você foi
o lago tranqüilo, sereno,
onde soltei barquinhos de papel aos ventos.

Você foi
a algazarra dos pássaros nas madrugadas,
enquanto se enrolava em meus braços,
e me chamava
– amor!,
e dizia frases sem sentido,
nas quais eu reconhecia apenas o meu nome,
pronunciado entre verbos e predicados.


E há tão poucas luas,
num quarto rústico
do sertão de grilos e corujas
– : orquestra da natureza
interpretando a eterna sinfonia –,
você repetiu tudo isso,
em meus braços,
tão meiga!,
tão carinhosa!,
ora gemendo, ora chorando...


Você foi
a paixão.
Mas desta paixão
não quero mais provar!


Você personificou
o amor.
Mas deste amor
não posso mais amar!


Hoje você
é saudade,
uma saudade sofrida,
uma navalha fria
que rasga a alma.


E eu sou
a solidão,
a solidão
que vaga nas noites,
e invade as madrugadas;
a solidão
que finge brincar de felicidade;
a solidão
que se embriaga
para tentar esquecer
o impossível amor.


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Biguaçu, 21 de Janeiro de 1997.

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