terça-feira, 26 de julho de 2011

POETA DO AMOR


Baby Espíndola

Dizes que sou louco,
e de fato eu sou,
um louco de amor.


Neste momento, por exemplo,
que te abraço,
que te aperto,
a ponto de parecermos um só corpo,
eu penso mil loucuras,
que nem aos chacais
sou capaz de confessar.


Este amor e desejo
são de uma loucura tão imensa!,
tão imensa!,
a ponto de remover montanhas.
E se não provocam
um desequilíbrio da natureza,
é justamente porque
canalizo toda a energia do meu ser
para a mulher que amo.


Essa, sim, eu amo,
amo muito, imensamente!,
de uma maneira muito diferente
das outras que também amo.


Talvez por isso,
por essa minha maneira irreverente
e até irresponsável
de encarar o mundo
– que considero mesquinho e traiçoeiro! –,
dizes que sou louco,
um louco da noite,
um apaixonado pelas estrelas
– dentre as quais tu és a mais cintilante –,
um boêmio de versos e melodias,
um poeta do amor.

E não me importo,
com o que dizes,
porque não há mágoas em tua voz,
nem censura nos teus olhos meigos.

Romântico e sonhador,
assim eu nasci,
assim eu cantei
minhas primeiras canções de solitário,
nas noites quentes de verão,
pisando nas areias das praias.


Fui um sonhador,
sim eu fui,
quando amei as primeiras borboletas
nas chácaras da infância.
Também me apaixonei pelas corujas,
à noite, com seu gemido tentador.

Mais tarde, bem mais tarde,
amei mulheres
morenas,
mulatas,
negras,
índias,
chinesas,
orientais,
até uma cigana
– ah, como chorava longe um violino,
naquela noite de encanto!
Ruivas e loiras, divinas, platinadas,
também muito as amei,
todas com um vulcânico amor.

Contudo,
sempre as tratei com carinho e respeito,
e de todos os erros cometidos,
em penitência me arrependo.
Se as encontrasse novamente
– ah, se as encontrasse novamente! –
lhes daria as mais lindas flores do campo
e com todas faria amor,
nas noites de lua cheia,
ouvindo cantar, distante, uma sereia.


Mas, infelizmente, eu as perdi...
Foram embora com o tempo,
deixando, em meu solitário coração,
tristes marcas de saudade.


Entenda,
não estou lamentando,
pois muito já tive
e nem merecia tanto!

O que me faz feliz
é a certeza que tenho,
de que, mesmo havendo outro
em tua vida,
sempre voltas para os meus braços,
sorrindo atrevida,
e me devoras com teus olhos,
e me seduzes
ao primeiro toque de mão.

Poucas horas resistes à distância,
enquanto que eu não resisto
um só minuto
à tua ausência.
Quando te deixo
– somente porque isso é preciso –,
já sou, na seqüência,
assaltado pela saudade.

Ah!, mulher da minha vida!,
este amor louco,
esta paixão bandida,
estão me matando lentamente.

{Baby Espíndola}

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segunda-feira, 11 de julho de 2011

UM ROSTO CHAMADO SAUDADE



Baby Espíndola 

Tinhas, nas atitudes orgulhosas,
a altivez do coqueiro folhas ao vento.
Na voz,
que me sussurrava
melodiosas cantigas,
todos os sons da natureza,
inclusive,
o cantar melancólico do sabiá do fim de tarde
e o gemido da coruja sorrateira,
escondida na ramagem da figueira,
sob a escuridão da noite. Eras


toda mulher,
e me enfeitiçavas com teus encantos. Eras
a árvore para o verde da minha esperança,
o oxigênio da vida tão sonhada. Eras


a neblina, a neve,
no inverno sem fim. Eras

as ondas do mar
nos dias quentes de verão. Eras


os rios que descem das montanhas,
as próprias montanhas,
que meus olhos sobem a sonhar,
a te procurar.
A te procurar sem descanso. Eras


a suavidade das águas dos lagos. Eras
as ondas impetuosas dos oceanos,
nas noites de amor tropical. Eras


o carinho de beija-flor
em volta da flor-amada. Eras

todos os sonhos.
Todas as fantasias.
A minha realidade
ao final de um dia de trabalho,
quando tua energia cósmica me atraia
para o lar entre flores,
dentre as quais eras,

simplesmente,
a mais bela.
A montanha para a neblina do olhar,
os campos de trigo e pão. Eras


a vida. Hoje
és simplesmente saudade.
Com imensa tristeza...
Um rosto chamado saudade.

{Em 06 / set. / 1996}

(Baby Espíndola)