terça-feira, 25 de outubro de 2011

QUE SAUDADE

Baby Espíndola 

Que saudade!
Não sei se vou aguentar
até o fim da tarde,
quando canta o sabiá.

Quero muito te encontrar,
mas luto comigo mesmo
para não te procurar...
E por isso sofro tanto!

Te encontro no sol radiante,
te sinto na chuva e no orvalho,
te sonho numa estrela cadente,
te aposto numa carta de baralho.

Queria te ganhar, 
queria te prender,
queria te amar,
e nunca mais te perder.

Mas o destino foi ingrato
ao criar dois endereços;
te levou a outro bairro
e me deixou no desespero.

Que saudade!
Não sei se vou aguentar,
até o fim da tarde,
quando canta o sabiá.

Mil vezes disco teu número,
mas desligo o telefone,
e vago quase sem rumo
dizendo baixinho o teu nome.

Eu preciso te falar,
olhando a lua faceira;
eu desejo te amar,
sob uma chuva de estrelas.

À noite aumenta a angústia
com o ataque da solidão,
te canto em todas as músicas
nas rimas da nossa canção.

A canção que fala de amor,
de um amor desesperado,
que também rima com a dor
de um homem magoado.

Que saudade!
Não sei se vou aguentar,
até o fim da tarde,
quando canta o sabiá.

{Palhoça, 12 / 11 / 1998}

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

MORENA




Baby Espíndola

Amigo, preste atenção,
nesses versos sem sentido,
que há muito, muito tempo,
um adolescente sofrido,
um sonhador meio tímido,
escreveu em desabafo.
São versos muito singelos,
para uma jovem morena,
da cor das noites escuras,
a mais bela do lugar.
De olhos iluminados,
duas brilhantes estrelas,
imitação do luar.


Era um sonhador, o rapaz...
Sonhava, sem ser vulgar,
um repertório de sonhos,
que não tinha jeito de acabar.
Sonhava com as coisas mais puras,
como água límpida,
no rio que desce do morro
e navega para o mar;
borboletas e passarinhos,
elas, em volta das flores,
eles, em torno dos ninhos,
nas chácaras com muitos frutos,
que brotam do fundo da terra
e se espalham a sonhar.


Sempre pensando na morena
cor da noite e olhos de estrelas,
o sonhador adolescente
sonhava
e cantava solitário,
somente palavras de amor,
que nasciam no fundo do peito,
mas que ele, muito sem jeito,
não se atrevia a revelar.


Nas cordas do violão,
na boca do cantador,
brotava um amor verdadeiro,
guardado a sete chaves,
com sacrifício e muita dor.

Nas tardes que plantam as noites
– sob a sombra dos coqueiros,
num mundão de pasto verde,
onde o gado pasta manso –,
o moço muito calado,
ficava meio cismado.
Jurava aos passarinhos,
ao sabiá trovador,
aos amigos canarinhos:
assim que encontrasse a morena,
aquela da voz serena,
confessaria
todo o seu grande amor.


Mas, que nada!
Quando avistava a moça,
ficava muito quieto,
olhando, admirado,
aquela beleza singela,
sem coragem de falar.

* * *

Sem que se pudesse evitar,
a vida passou a galope,
deixando rastros de saudade.
Tantos anos separados,
ela no sul,
ele no norte...
Tanta angústia,
sentimento aprisionado no peito,
solidão,
muita saudade,
até falta de sorte.


E agora,
com os cabelos já brancos,
o moço velho cansado,
volta para casa ferido,
depois de enfrentar, destemido,
tantas batalhas no mundo.
Volta triste e derrotado,
desiludido, magoado.

Quase esquecendo
que o tempo passou,
procura então a morena
– aquela da boca serena
e olhos cor das estrelas,
sob duas tranças da noite...
Aquela que, no passado,
foi o seu grande amor.


Procura sob os coqueiros,
na curva do rio traiçoeiro,
mas não consegue encontrar.


Então, depois de muito indagar,
o homem ouve do vento,
que geme no alto dos montes,
a canção que canta triste,
a história da morena,
que tinha boca serena...

Disse o vento:
– A morena foi embora,
pois, depois de muito, muito tempo,
cansou de esperar.

{Baby Espíndola}

Palhoça, domingo – 17/11/1996.

terça-feira, 26 de julho de 2011

POETA DO AMOR


Baby Espíndola

Dizes que sou louco,
e de fato eu sou,
um louco de amor.


Neste momento, por exemplo,
que te abraço,
que te aperto,
a ponto de parecermos um só corpo,
eu penso mil loucuras,
que nem aos chacais
sou capaz de confessar.


Este amor e desejo
são de uma loucura tão imensa!,
tão imensa!,
a ponto de remover montanhas.
E se não provocam
um desequilíbrio da natureza,
é justamente porque
canalizo toda a energia do meu ser
para a mulher que amo.


Essa, sim, eu amo,
amo muito, imensamente!,
de uma maneira muito diferente
das outras que também amo.


Talvez por isso,
por essa minha maneira irreverente
e até irresponsável
de encarar o mundo
– que considero mesquinho e traiçoeiro! –,
dizes que sou louco,
um louco da noite,
um apaixonado pelas estrelas
– dentre as quais tu és a mais cintilante –,
um boêmio de versos e melodias,
um poeta do amor.

E não me importo,
com o que dizes,
porque não há mágoas em tua voz,
nem censura nos teus olhos meigos.

Romântico e sonhador,
assim eu nasci,
assim eu cantei
minhas primeiras canções de solitário,
nas noites quentes de verão,
pisando nas areias das praias.


Fui um sonhador,
sim eu fui,
quando amei as primeiras borboletas
nas chácaras da infância.
Também me apaixonei pelas corujas,
à noite, com seu gemido tentador.

Mais tarde, bem mais tarde,
amei mulheres
morenas,
mulatas,
negras,
índias,
chinesas,
orientais,
até uma cigana
– ah, como chorava longe um violino,
naquela noite de encanto!
Ruivas e loiras, divinas, platinadas,
também muito as amei,
todas com um vulcânico amor.

Contudo,
sempre as tratei com carinho e respeito,
e de todos os erros cometidos,
em penitência me arrependo.
Se as encontrasse novamente
– ah, se as encontrasse novamente! –
lhes daria as mais lindas flores do campo
e com todas faria amor,
nas noites de lua cheia,
ouvindo cantar, distante, uma sereia.


Mas, infelizmente, eu as perdi...
Foram embora com o tempo,
deixando, em meu solitário coração,
tristes marcas de saudade.


Entenda,
não estou lamentando,
pois muito já tive
e nem merecia tanto!

O que me faz feliz
é a certeza que tenho,
de que, mesmo havendo outro
em tua vida,
sempre voltas para os meus braços,
sorrindo atrevida,
e me devoras com teus olhos,
e me seduzes
ao primeiro toque de mão.

Poucas horas resistes à distância,
enquanto que eu não resisto
um só minuto
à tua ausência.
Quando te deixo
– somente porque isso é preciso –,
já sou, na seqüência,
assaltado pela saudade.

Ah!, mulher da minha vida!,
este amor louco,
esta paixão bandida,
estão me matando lentamente.

{Baby Espíndola}

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segunda-feira, 11 de julho de 2011

UM ROSTO CHAMADO SAUDADE



Baby Espíndola 

Tinhas, nas atitudes orgulhosas,
a altivez do coqueiro folhas ao vento.
Na voz,
que me sussurrava
melodiosas cantigas,
todos os sons da natureza,
inclusive,
o cantar melancólico do sabiá do fim de tarde
e o gemido da coruja sorrateira,
escondida na ramagem da figueira,
sob a escuridão da noite. Eras


toda mulher,
e me enfeitiçavas com teus encantos. Eras
a árvore para o verde da minha esperança,
o oxigênio da vida tão sonhada. Eras


a neblina, a neve,
no inverno sem fim. Eras

as ondas do mar
nos dias quentes de verão. Eras


os rios que descem das montanhas,
as próprias montanhas,
que meus olhos sobem a sonhar,
a te procurar.
A te procurar sem descanso. Eras


a suavidade das águas dos lagos. Eras
as ondas impetuosas dos oceanos,
nas noites de amor tropical. Eras


o carinho de beija-flor
em volta da flor-amada. Eras

todos os sonhos.
Todas as fantasias.
A minha realidade
ao final de um dia de trabalho,
quando tua energia cósmica me atraia
para o lar entre flores,
dentre as quais eras,

simplesmente,
a mais bela.
A montanha para a neblina do olhar,
os campos de trigo e pão. Eras


a vida. Hoje
és simplesmente saudade.
Com imensa tristeza...
Um rosto chamado saudade.

{Em 06 / set. / 1996}

(Baby Espíndola)

sexta-feira, 24 de junho de 2011

RETROCESSO


Passeando na infância,
soletrando o livro da vida,
leio um poema sem rima,
onde


o tema é o tempo...
E o tempo não perdoa.


Vou andando. A infância galopando.


Recordo as belezas cênicas de outrora:
a estética da natureza,
mas não as vejo. Desapareceram.
Sumiram as telhas-de-calha e as chaminés.
Os poucos casarões teimosos
são agora
imagens mutiladas pelos anos:
Brota o desenvolvimento arquitetônico.


A infância galopa nos meus passos.


No fim da primeira página,
do empoeirado livro da vida,
o poema é um cemitério de lembranças:
A pedra cobriu a poeira da estrada.
Um descendente do gato-preto
atropela minha sombra.

Onde estão os cachimbos e palheiros?
E o fumo-de-corda?
E a cachaça-dos-homens?
E os bravos!, onde estão?


Aqui morava Oscar: o espírita.
Preto-velho,
onde está teu casarão?
Lembro tuas conversas com o invisível...
Onde estás, agora, sem o teu “Oscar”?


A infância galopa nos meus passos.


Mudo a página
e leio versos de saudade,
na curva da estrada.
Saudade da criança
que o tempo assassinou.

Lá vem,
de muito longe,
o menino que fui,
encontrar
o homem que sou:
duelo sem mediador.


E agora, estrada-do-sul?
O asfalto te aposentou!


Vou andando. A infância galopando.


Na terceira página,
o poema é a violência da vida.
Um homem rude cruza comigo.
Tem barba
e bigode
e camisa-barata.
E veste um espírito materialista
aparentemente violento.


Paro indeciso. A infância passeia lenta.


Na penúltima estrofe
do livro da vida,
o poema é a dúvida.

O menino desencontrou do adulto. Que faço?
Um velhinho-grisalho, pitando palheiro,
olhou-me de frente, de perfil,
lembrou minha vida de criança
e sorriu molhado.
Parece um deus, o velhinho!


Estou voltando. Fantasmas galopando.


Deixo o atalho da infância...
Olhar soturno, passos arrastados.
Na legenda da cruz,
o nome do menino.
Uma mulher sorri
e lembro a que perdi.

Na página rasgada, a última,
o tema é nostalgia.
E o poema rima entre dor e amor.

(Baby Espíndola)

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{Sábado, 08/6/74. Revisado em 05/12/88}

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quarta-feira, 15 de junho de 2011

CANÇÃO DO SOLITÁRIO


Não ouço os padres,
porque muitos enlouqueceram
falando do Divino.
Não ouço os decoradores de bíblias,
que falam de um Deus vingativo.
Então me escondo em minha fé
que, ingênua e romântica,
procura só parábolas de amor,
um amor de resignação.
Não ouço os bêbados,
porque eles fedem, chatos,
nos milhares de botequins.
Dos fanáticos do futebol,
não escuto o grito de gol
e os muitos insultos aos árbitros
e suas injuriadas mães.
De algumas mulheres
– ah! que saudade
das verdadeiras mulheres! –
só ouço vulgaridades
das bocas que cheiram álcool
e xepa de cigarro.
Os amigos não têm mais tempo
para conversas da vida.
Alguns só falam com o médico,
se intoxicam com remédios;
outros correm ao advogado,
outros, tantos outros,
só se ocupam com eletrodomésticos.
Deixam a poesia morrer,
deixaram a filosofia apodrecer.
Isolado, solitário, magoado,
pela existência de tanta estupidez,
percorro mundos sobre rodas,
engolindo asfalto
e sufocando o desencanto.
Sempre que aqui ou ali eu paro,
converso calado com as pedras,
que revelam segredos do mar.
Dos passarinhos cantadores,
que voam em volta dos ninhos,
me embriago com seus hinos.
Nas asas das gaivotas,
centenárias pescadoras,
desenho poesias aos ventos.
Montando canoas nas ondas,
deslizo verbos de encantos.
Na lembrança dos teus olhos,
vejo filmes do passado,
alguns tristes de lágrimas,
outros de felicidade.
Na sombra imaginária dos teus cabelos
– que a noite tenta imitar,
quando as estrelas vão dormir,
atrás das folhas das nuvens –,
repouso e adormeço,
pensando que estás comigo
e que me chamas baixinho.
Mas, estás ausente,
não sei onde,
e isso aumenta o desespero
e a vontade de cavalgar asfalto
montando cavalo de aço.
Meu combustível
é a perseverante vontade
de um dia te encontrar.


{São José, 26 / 01 / 98}


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quinta-feira, 9 de junho de 2011

PORQUE MURCHARAM AS FLORES



Você foi,
para os meus olhos apaixonados,
tontos de amor,
embriagados de felicidade,
sonhadores de promessas,
as flores de todos os jardins.
Foi, inclusive, os próprios jardins.


Infelizmente,
hoje, quando vago sem rumo,
sem destino certo,
pelas ruas e avenidas
das cidades onde moramos
ou visitamos,
relembro
cada gesto,
cada palavra,
detalhes, marcas do passado.

Num filme de lágrimas
que me invadem os olhos,
vou desenhando seu rosto tão amado,
vou cheirando seu corpo suado,
seu perfume inconfundível, natural.


Sorrindo
e cantando
e dançando
as melodias da ilusão,
vou fingindo que sou feliz,
mas, na verdade,
por dentro estou morrendo.
Minha alma chora
lágrimas de silêncio,
que nem aos ventos eu confesso.
Assim, dou ao mundo meu sorriso,
mesmo sendo falso.
E a você,
que tanto amei,
deixo, em testamento,
o mais sincero dos sentimentos.


Nas ruas e avenidas,
que sempre terminam em um jardim,
lá não encontro mais as flores,
porque as flores murcharam.
Porque você era a síntese das flores,
e você sumiu tão de repentemente!


Você foi
toda a poesia dos oceanos,
as tempestades indomáveis,
os arremessos seculares
das ondas contra os rochedos,
o branco da espuma
acariciando a areia da praia.


Você foi
o lago tranqüilo, sereno,
onde soltei barquinhos de papel aos ventos.

Você foi
a algazarra dos pássaros nas madrugadas,
enquanto se enrolava em meus braços,
e me chamava
– amor!,
e dizia frases sem sentido,
nas quais eu reconhecia apenas o meu nome,
pronunciado entre verbos e predicados.


E há tão poucas luas,
num quarto rústico
do sertão de grilos e corujas
– : orquestra da natureza
interpretando a eterna sinfonia –,
você repetiu tudo isso,
em meus braços,
tão meiga!,
tão carinhosa!,
ora gemendo, ora chorando...


Você foi
a paixão.
Mas desta paixão
não quero mais provar!


Você personificou
o amor.
Mas deste amor
não posso mais amar!


Hoje você
é saudade,
uma saudade sofrida,
uma navalha fria
que rasga a alma.


E eu sou
a solidão,
a solidão
que vaga nas noites,
e invade as madrugadas;
a solidão
que finge brincar de felicidade;
a solidão
que se embriaga
para tentar esquecer
o impossível amor.


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Biguaçu, 21 de Janeiro de 1997.

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segunda-feira, 6 de junho de 2011

PROFECIA DO SUL


Brilha no sul a história
tanto ontem quanto agora.
Do carvão vem a riqueza
- status para o patrão,
político de falação -,
resta ao mineiro a pobreza.


Em tempos sombrios,
o homem no subsolo minerava,
e se do salário reclamava,
se clamava por justiça,
apanhava da polícia.


Descontente com a exploração,
mas, mesmo assim, muito esperançoso,
um mineiro profeta,
com a voz do Uirapuru,
aos quatro cantos do sul
cantou a lenda do Cristo.


Dizia:
- Não pode ser explorado
o homem trabalhador.
É preciso igualdade
na repartição do pão.
E no Sul, o pão é o carvão!


Então, de repente...
Numa manhã de esperança,
com nome de sindicato
nasce a organização,
saída da profecia:
sangue-suor-poesia,
salário-pão-energia.


Mas, foi preciso muita luta,
sangue no fundo das minas,
batalhas em campos de Anita,
surpreendente guerreira
da Juliana República.


Sob sol ou sob chuva,
desde Criciúma
(grande cidade)
e toda a região,
corre em trilhos o carvão,
nos trens que sacodem o chão,
até a vizinha Imbituba.


Do Porto Henrique Lage,
navios de muitas bandeiras,
dentre os quais o Jacqueline,
partem levando do Sul,
energia para o Brasil
e para as engrenagens do mundo.


Portuário, bom amigo,
homem vivido e sofrido,
a história escreve teu nome
nos mares de mil navios,
nas terras de muitos montes.


Portuário, creio, não sabes:
Deus trabalha no porto...
Com rosto anônimo
e mãos de sangue,
manobra máquina de trem,
mas é mineiro também.


Um dia – tempos remotos –,
pescou com teus avós,
nas aventuras primeiras,
à caça de muitas baleias,
hoje supostamente protegidas
por uma rede de leis.


Homem do porto,
olha o horizonte!
Ao sol navega tranquilo
outro navio carvoeiro.
Leva na ponta do mastro
a bandeira da esperança,
símbolo de todos os povos.


No estandarte,
o ouro de uma inscrição,
encravada com carvão:
Obrigado, portuário,
universal brasileiro!

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{1986}