Baby Espíndola
Tinhas, nas atitudes orgulhosas,
a altivez do coqueiro folhas ao vento.
Na voz,
que me sussurrava
melodiosas cantigas,
todos os sons da natureza,
inclusive,
o cantar melancólico do sabiá do fim de tarde
e o gemido da coruja sorrateira,
escondida na ramagem da figueira,
sob a escuridão da noite. Eras
toda mulher,
e me enfeitiçavas com teus encantos. Eras
a árvore para o verde da minha esperança,
o oxigênio da vida tão sonhada. Eras
a neblina, a neve,
no inverno sem fim. Eras
as ondas do mar
nos dias quentes de verão. Eras
os rios que descem das montanhas,
as próprias montanhas,
que meus olhos sobem a sonhar,
a te procurar.
A te procurar sem descanso. Eras
a suavidade das águas dos lagos. Eras
as ondas impetuosas dos oceanos,
nas noites de amor tropical. Eras
o carinho de beija-flor
em volta da flor-amada. Eras
todos os sonhos.
Todas as fantasias.
A minha realidade
ao final de um dia de trabalho,
quando tua energia cósmica me atraia
para o lar entre flores,
dentre as quais eras,
simplesmente,
a mais bela.
A montanha para a neblina do olhar,
os campos de trigo e pão. Eras
a vida. Hoje
és simplesmente saudade.
Com imensa tristeza...
Um rosto chamado saudade.
{Em 06 / set. / 1996}
(Baby Espíndola)
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