quinta-feira, 18 de junho de 2015

CANÇÃO DA CHUVA


CANÇÃO DA CHUVA

Baby Espíndola

Tarde de inverno...
Lágrimas do céu
caindo preguiçosamente sobre a terra,
lavando as árvores,
os jardins, os gramados, as pedras,
e provocando uma inevitável nostalgia.

Chuva – melodioso e encantador piano –,
executa a mais sublime canção de amor
para a mulher que amo.
Diga a ela, com todas as rimas
da mais melodiosa canção,
que eu sofro de solidão,
que estou sufocando de saudade.

Diga-lhe, bem baixinho, delicadamente,
que eu desejo, intensamente,
envolvê-la num forte, quente e protetor abraço.

Conte a ela, que a vida só tem sentido,
quando vejo o seu sorriso,
nos lábios encantadoramente sensuais.

Se ela sorri,
as flores do campo se abrem
em encantos de primavera,
os pássaros cantam encantados,
e os anjos tocam cornetas,
nas janelas das nuvens.

Chuva, beija delicadamente
o rosto da mulher que eu amo.
Faz ela acreditar,
que os respingos gelados
são gotas das lágrimas
que, há muito, muito tempo,
eu venho chorando em silêncio.

E se ela fechar os olhos úmidos,
permita-lhe sonhar um filme de sonhos.
Faz ela imaginar que estamos juntos,
correndo pelos campos,
abrindo trilhos entre as flores,
trocando demorados beijos,
desenhando o futuro,
cantando cantigas de encantos.

Chuva, do telhado,
pinga suave e ritmado
sobre os cabelos 
da mulher que tanto amo.
Chuva, faz florescer as roseiras
e amadurecer os frutos.
Faz com que a paz
seja permanente companheira,
afastando do rosto dela
até o mais sutil vestígio de agonia.

Chuva, chuva das noites de inverno,
compõe nas nuvens
e derrama sobre a terra,
uma canção de amor,
uma balada dos céus, única e singela.

Melancólica chuva,
faça com que ela me ouça,
pois este é o meu último desabafo,
a última revelação.
Depois disso,
silenciarei para sempre.

Mas, mesmo o meu silêncio
deverá ser entendido,
como uma eterna prova
de um profundo sentimento.

Chuva – chicote do rosto e da alma –,
convoca a orquestra dos anjos
para que executem,
para a mais amada das mulheres,
uma canção de lágrimas...

A canção da chuva.

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