Que saudade!
Não sei se vou aguentar
até o fim da tarde,
quando canta o sabiá.
Quero muito te encontrar,
mas luto comigo mesmo
para não te procurar...
E por isso sofro tanto!
Te encontro no sol radiante,
te sinto na chuva e no orvalho,
te sonho numa estrela cadente,
te aposto numa carta de baralho.
Queria te ganhar,
queria te prender,
queria te amar,
e nunca mais te perder.
Mas o destino foi ingrato
ao criar dois endereços;
te levou a outro bairro
e me deixou no desespero.
Que saudade!
Não sei se vou aguentar,
até o fim da tarde,
quando canta o sabiá.
Mil vezes disco teu número,
mas desligo o telefone,
e vago quase sem rumo
dizendo baixinho o teu nome.
Eu preciso te falar,
olhando a lua faceira;
eu desejo te amar,
sob uma chuva de estrelas.
À noite aumenta a angústia
com o ataque da solidão,
te canto em todas as músicas
nas rimas da nossa canção.
A canção que fala de amor,
de um amor desesperado,
que também rima com a dor
de um homem magoado.
Que saudade!
Não sei se vou aguentar,
até o fim da tarde,
quando canta o sabiá.
{Palhoça, 12 / 11 / 1998}